sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Conto que não vale um conto.


NOVA PARTIDA


Um filme com elenco de segunda e atores baratos, meus textos literários já se parecem com os publicitários. Diferença encontro apenas na perna direita precisamente no tornozelo, ontem me deteve com violência o maldito zagueiro, desferiu uma pancada que travou-me a perna no chão tirando do lugar minha articulação em segundos fez inchar como uma bola meus ligamentos.


Estou sentado no sofá da minha casa com a perna esticada vendo televisão e escrevendo nas folhas da agenda do meu irmão. Meu pé envolto de uma tala de gazes, gesso e faixas, embaixo da tala tem um travesseiro e um edredom, amortecendo a minha dor ao menos dor no meu pé, pois as dores do meu coração não tem cura nem solução, são feridas profundas abertas sem ao menos criar casca.


Durante todo o dia permaneci sentado aqui ou saltitando feito um saci pela casa, apoiado em uma vassoura de pelos que me serve de muleta e não me deixa cair. Hoje justo nesta noite que prometia render os melhores frutos, acontecimentos inesquecíveis e eu continuo preso no sofá vigiado de perto pela minha mãe super-protetora. Há certa altura tentei escapar pela varanda e quando já estava alcançando o portão com saltos precisos ouço o telefone tocar, voltei para atender em pulos rápidos e longos, afinal minha mãe já dormira e levantando para atender notaria a minha ausência. Pimba, minha havaiana escorregou no piso molhado e eu capotei acertando a testa no portal de entrada da casa, recuperei-me do trauma e atendi ao telefone, era minha tia de Florianópolis querendo falar com meu pai.

Agora minha cabeça entrou em parafuso, tenho mesmo que desligar-me deste mundo, pareço ser um personagem num filme com elenco de segunda. Sou o protagonista, mas não recebi roteiro nenhum do diretor, estou sempre improvisando as minhas ações em cima dos erros. Somente erros sucedem os próximos que se emenda com os que virão, já não possa esperar chegou à hora de agir. Vou buscar a liberdade e mostrar para todos quem realmente sou o problema está em descobrir quem realmente sou e o que irei fazer para canalizar todo este potencial me tornando um ser diferente.

Sou a maior ameaça à minha própria existência e ao meu sucesso, sempre me atraso, traio a confiança dos outros, descumpro promessas como um político metido em papo de bêbado. Já se passaram muitos anos e ainda não deixei de roer minhas unhas, não consigo esperar decisão nenhuma. Tenho bastante tempo para poder encontrar um alfinete em um campo de futebol, minha verdadeira força é reluzente como a luz do sol, ainda escondida atrás do horizonte.

Não peço felicidade só quero meu equilíbrio de volta, estou contando apenas comigo, minha equipe quer ser vitoriosa por mérito próprio sem depender de ninguém. Minha equipe é composta de um homem só, articulando a frente da libertação em busca de todas as explicações, cavando fundo na curiosidade buscando somente as verdades.

Muda o elenco e todos os cenários, a partir deste momento eu assumo também a direção. Vou manter em monologo o protagonista, para que possa encontrar a libertação. Esta tala que me prende me ajudou me elevou o pensamento, quando se for levara junto com ela tudo de ruim que acumulei na vida. Estou girando a chave e dando nova partida.


M.A.

Nenhum comentário: