segunda-feira, 30 de junho de 2008

Vai acabar mais ainda dá tempo de ganhar.


Quando não menos que de repentemente surge do lado direito um estouro e o vidro se foi em milhares de pequenos petardos mais cortantes que lâmina de shushiman, quase que disse amém, a vida feito filme, curta metragem, um quadrúpede no meio da estrada, relinchando o reflexo alheio, se não fosse o condutor, só restariam dois paradeiros, pastar pra sempre no céu ou no inferno.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Fome ou Lara


Vaga sem nome
rasgando o bucho
do bicho homem

se não passar
com ele

some.

Marco Cardoso

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Pode estar ao seu lado.


Foi feitiço, lançou meio como quem não quer nada, desleixando-se cair aos olhos com que vi feito grão de areia, forçava a vista, esfregando o dedo na palpebra e nada, quase rasgo a cortina e mesmo assim a miragem não desaparecia, pelo contrário vinha na minha direção crescendo no tamanho e beleza, multiplicando a aceleração dos batimentos do meu coração.
Já era, fisgado e sem reação. Feito um crente sem bíblia, um pinguço sem pinga, nem estrada e nem chão, casa vazada, sem paredes, aberta e exposta. De fora tudo se vê, todos podem ver, um big brother de emoções que não pude esconder.
Quando acontece rápido a resposta tem de ser na mesma moeda, um bate pronto sem deixar cair na grama, o mais rápido que pude fazer ser verdade, disse o nego que te ama, sem drama ou palavra manjada pra completar a rima, sejas minha pretinha que eu te dou o que tenho de mais precioso: a vida.
Até que está história sem final poderia poderia ficar, para que todos os presentes pudessem imaginar da sua forma no que iria dar, no que deu, mais prefiro aqui mostrar eu o que realmente assucedeu. Peguei nervoso e nunca mais larguei a carne e o osso, lancei uma algema de dedo e hoje, aqui e agora vos exemplifico em frase de efeito, final feliz não quer dizer um relacionamento perfeito e sim que só se mede o amor pelo grau de aceitação dos defeitos. Boa sorte nego(a).

terça-feira, 17 de junho de 2008

Na Furquilha.


Chega arrepia só de lembrar, parou ao lado da pelota - deixa que eu bato. Segurou nos braços feito pai recente, as mãos sentindo o couro mácio e conduzindo com cautela até o travesseiro de grama. Ajoelhou, a translação se encarregou de posicionar o bico estrategicamente para a frente, dizem que assim o tiro sai mais quente, varia de opinião feito viracasaca, na minha idéia tudo é válido e a mandinga influência a tacada. Ao se levantar teve a visão da meta, meio termo, pois existia um muro que o separava do arqueiro, marchou em câmera lenta, quase imperceptível ao olhos do homem de luto ...

... continua.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O que vale é tirar onda.


Desobedece esquema tático, percorre e corre, e como corre o campo todo, o tempo todo, a procura da bola perfeita, passe de letra, seu vocabulário pedestre engana quem espera que vai prum lado ele vai proutro, coisa fina, jogada de mestre, zagueiro sentado faz pique nique na grama pra disfarçar, goleiro finge um golpe de vista, nem vale a pena pular. Chega em casa encardido feito a própria marcação, não existe bola perdida nem mesmo pressão. Suja o uniforme em cada diferente espaço do quadrilaterro, sua roupa varia do vermelho do terrão ao branco da cal, esfolado na mão, no joelho, de fato é boleiro. Ponta direita ou esquerda, nem importa a variação. Ele é o jogo, é fogo, uma bomba no pé e outra no coração. Bate pronto, explosão, o grito do picolezeiro - joga muito este cabra, desce uma caixa pra rapaziada, é por minha conta. Amanhã eu vou trabalhar mesmo que seja no faz de conta, com o uniforme de campeão e na mão aquela ponta, se sobrar.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Coi di locô


ao vivo
a cores
sabores
odores
medo
toques

tentações
provocações
um pecado

em movimento
te convencer

sem nada nem um tecido

só pele e pele
vontade

unha na carne
mordiscadas

nos lábios

todos
cair em tentação

deixa o sabor entrar
com calor
temperatura
gostoso
suor e arrepio
lambuzar

a boca mapeando

seu corpo

aos pouquinhos
decorada

na ponta da língua

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Faz parte do meu show.


Abri um olho, fiquei com o outro fechado, com a boca seca e um sabor amargo. Com quantas talagadas se faz uma ressaca, da minha parte se exibia somente a carcaça, carcomida pelo tempo em que só vício me alimenta, vê se aguenta os orgãos internos, sempre erro e continuo acertando a vida assim, são as gambiarras que me fazem feliz.