segunda-feira, 23 de agosto de 2010

cada qual no seu B.O.

sem pagar simpatia

PretoBras


Meião abaixado
Arrasta o passo
Dobra a língua
Atado em dois laços
Pra não escapar
Amarra o cadarço
por cima da bota
Pra bola esquiar
Efeito que assopra
Longe das mãos
Tange aos olhos
Fez que ia e não
Foi
Pro lado contrário
foi
Perdido arqueiro
Sofrimento póstumo
É o do goleiro
Deitado sobre o solo
Socou a grama e lamentou
O peso de tudo o que já passou:
Foi gol.


O título é uma singela homenagem a Itamar Assumpção.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Engraçado seria se não fosse comigo.


Quando o dia começa com um esquecimento de um boleto de conta dentro de casa e você lembra só quando chega no ponto do busão é um belo sinal de que tudo pode piorar no decorrer das 24 horas de hoje...

Eleiçoes em Café Pequeno

Sou do Campo
Onde é mais Grande a raça do povo bugre misturado
E insignificante o caráter dos poderosos coronéis
italianos paraguaios bolivarianos tanto faz a procedência
o que importa é astucia
já que governo estupra em praça pública
Enquanto esquenta a disputa
O passado mente com a falsa publicidade
A favor dos trutas
Pescando em Porto Murtinho
Cambada imensa de filhos de uma mãe injusta
Não souberam educar
As vezes até tentaram
Mas entre corichos e cochichos
Seus queridos desviaram o caminho do bem
Outros foram além
Herdaram do pai mais que o sobrenome
Como diria o Bruno do Flamengo
“quem é que nunca saiu na mão com mulher”
Temos uma família inteira de bons exemplos
Desde o ex-presidente da OAB
desfilando em carreatas com o dedo pica espalmado
aos médicos que a minha família odiaria ter
pois de SUS não vivem vocês
governadores que esbofetam nossa face
daremos o outro lado
não do rosto
da moeda
se um dia já foi coroa e cifra a sua campanha
em três de outubro será o fim
sejamos fortes
para não eleger quem usa Cristo como pilar de campanha
sejamos práticos eliminando com o projeto ficha limpa de caráter
todo aquele que se mostrou indigno de ostentar o título de representante do povo
por mais que sejamos pobres e humildes
somos limpinhos e sim, temos memória
pulsante e tangente
esperando a hora certa de lembrar
que vocês, corja de imundos
nunca mais irá nos representar
vamos votar no menos obvio
e ver no que dá
pior do que está
sempre pode ficar...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Refrão ou Aminésia Alcoolica.

Me diz o que é
que eu fiz
com a meretriz?

Raspa de meio fio

O povo todo gritou
pega o maluco
que me enganou.

Concreto

Alguém anotou
a placa do bloco
que me atropelou.

Pudim de Pinga

Sagrou-se campeão
Sem entrar em campo
Ta é muito louco esse cabra
Plantando bananeira na escada
Bebendo aguardente estragada
Ético
Etílico
Como todo bebum é com seu néctar sagrado
Faz um quatro
faz um pacto
Vai pro diabo
Enfia no rabo
O exame de bafo
Num estou alterado
To é muito mamado
Tropecei no meu ultimo passo
acoredi preso e todo cagado.

Acusação

pessoalmente nem conheço
ouvi dizer que não é pessoa de confiança
traidor nato
em qualquer roda de conversa
seu nome é acompanhado
por um semblante geral de desagrado
é mimado por demais chato
usa um baseado
vive descompasado
um verdadeiro nego safado.

Sou carne de terceira

Tinha esperança
Sorria fácil feito criança
Toda relevância perdeu a graça
Em meio à insignificância
Da falta dos atos
se desbanca
desbarrancou
Acordado enquanto dorme
Dominado pelo sono
Deitado em pé
Ressaca pura
As olheiras dominam o semblante
Desanda
O zumbi das ruas
Vivendo torto por tortos caminhos
Perdeu o valor
como os fios
Ta careca de saber
Que as coisas ilegais
o separam de você
Falando na terceira pessoa
Para tentar me esconder
Tiro o corpo fora
Fujo em branco
Aqui só o escuro é puro
na negritude se misturam todas as cores
O sangue é forte
Intenso nos amores
Doutores tentaram explicar
A verdade está presente
Onde não há
Tente enxergar
Por trás de todos os rótulos
O produto não presta.

Sem trem de pouso.

Um dia voei
Tive dificuldade para apear
Passei bem rente ao chão
retomei subindo o mais alto
Até sentir a ponta do nariz queimar
O calor do sol que ardia
iluminou minha vistas
pude ver toda amplidão desta terra prometida
na hora
feito caldo de cana
fechei os olhos na descida
senti os beijos do vento
o conforto de uma cama
me disse coisas de amor
caçoava do meu semblante de bobo
vou pousar
posso?
vejo meu campo de decolagem
estranho ser uma gruta
o teto refletia nossos corpos
desci do céu
Recebi um sorriso seu
As mãos apertavam meu rosto
Dando as coordenadas para uma nova decolagem
Os olhos cantavam
É amor de verdade...

novo engenho

to com a tristeza do lado
sentado no balcão deste bar
antes mal acompanhado
do que jurar amar.

perdi todas as esperanças na vida
bebo minhas frustações
um copo sujo de pinga,
raizada nó de cachorro
prendendo minha voz,
cada dia mais baixa
timida e escondida
cavucando um consolo
reviravolta suicida.

sem entender as placas que indicam
o rumo que tomou minha vida,
MAIS UMA RODADA PARA TODOS!
Sirvo minhas verdades
verdades mentidas com tamanho empenho
que até escorrem veneno,
mais um vicio,
vou morrendo
moido neste novo engenho.

Seu é o caralho.

Meu coração
não precisa de dona
é livre pra voar
quem escraviza
um pássaro
priva o mundo
do seu cantar.

Cidade Branca


Na rua de trás eu posso parar, cuidado com os pescoços tortos de dentro dos carros, os da rua, nem ligam, sentem nada, sem olfato, subo pela Generoso Ponce. Vou passando, vou levando, um aroma diferente por onde passo, sem parar, meio termo, nem rápido, nem lento, sigo no talento, no sapato, passo a passo, marcando num pé, um pé dois faceiro, sorrindo de ponta a ponta, dos calcanhares aos cabelos, cantarolando passo a letra de um samba pro ar, a tiazinha acompanha o ritmo com o olhar, tentando disfarçar, se entrega no globo ocular, dois pra lá, dois pra cá, feito um chamamé na viola de Helena Meirelles, dedilhado na costelinha do Pacú, na beira do Rio Paraguai, vinagrete, cerveja gelada, no calor de Corumbá, na lentidão do rio, vejo a vida passar.