quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Poemeta


Afronegrodobrasil.


fui sozinho

deixei a música fluir

minha própria levada

malemolente

sentindo cada samba

que no coração gravei


desconcertante ao olhos alheios

esse nego tem mola na cintura

comentou a loira que não era burra

sua amiga foi ligeira

pediu a todos que afastassem as cadeiras

introduziu no salão passos de capoeira

grudou no nego de jeito

e rodou

feito hélice de helicóptero em forma de baiana


enquanto as mãos do criolo

malandramente acariciavam sua cintura

mapeando o perímetro

puxando o corpo da moça pra junto


entre suspiros foi dizer

existe algo entre nós

que me toca à alma

faz mexer
um crime

seu corpo
é arma na horizontal

engatilhado

pecado

anti-cerebral


no centro do salão

sob a luz dos holofotes

os dois encaixados

e as pessoas as voltas

fundiram

tornaram-se um
no cenário sem semblante

meros figurantes

da paixão

que surgiu no molejo

mais puro e certeiro

do afronegrodobrasileiro.

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