sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Cidade Branca


Na rua de trás eu posso parar, cuidado com os pescoços tortos de dentro dos carros, os da rua, nem ligam, sentem nada, sem olfato, subo pela Generoso Ponce. Vou passando, vou levando, um aroma diferente por onde passo, sem parar, meio termo, nem rápido, nem lento, sigo no talento, no sapato, passo a passo, marcando num pé, um pé dois faceiro, sorrindo de ponta a ponta, dos calcanhares aos cabelos, cantarolando passo a letra de um samba pro ar, a tiazinha acompanha o ritmo com o olhar, tentando disfarçar, se entrega no globo ocular, dois pra lá, dois pra cá, feito um chamamé na viola de Helena Meirelles, dedilhado na costelinha do Pacú, na beira do Rio Paraguai, vinagrete, cerveja gelada, no calor de Corumbá, na lentidão do rio, vejo a vida passar.

Nenhum comentário: