quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Conto que num vale um conto.


Prenuncio do dia.


Oito e dez, teria de entrar as oito. Tomei cinco cervejas e minha cabeça pesa, ontem ainda finalizei a noite ao melhor estilo das periferias de Campo Grande, melando os dedos. Acordei atrassado e corri pro banheiro, tomei um banho de gato e bolei logo ali no ato sentado no vaso o meu pretencioso articulador de pensamento atrassado. Do banheiro para o quarto me vestindo no intervalo, calço os sapatênis sentado no estrado da cama, ontem dormimos no chão, os colchões foram encaregados de amortecer as estripulias. Abro a bolsa já pronto pra partir e me deparo com a falta do fogo pra botar no faz me rir, que merda. Vou da cozinha pra sala da sala pra cozinha tentando manter acessa a chama de um isqueiro sem pedra, que quase explode na minha mão, na terceira tentativa queimão em vermelhidão, isso é bem a cara da sociedade consumista produzindo porcarias de sub-produtos que não valem nem uma cebola.

Quando o desespero já me fazia companhia encontro na varandinha uma caixa de fósforo e desesperadamente alcanço e abro, dou de cara com um único palito, um único e salvador palito de cabeça vermelha. Na primeira tentativa o fósforo se quebrou ao meio, a tensão tomou conta das minhas trêmulas mãos e num ápice de desespero risquei o palito na lateral da caixa e protegi dentro da minha camisa a chama do fósforo, pela gola levei a diamba até a chama e pimba, de casa até o ponto de ônibus acrescentei alegria. Foi mesmo bem bolado esse prenuncio de dia.


Marco Cardoso

3 comentários:

MB disse...

Cebolas são legais, fazem bem ao coração!
Beijo Marquito...

Anônimo disse...

Parabéns pelos textos, pelo blog, boa iniciativa..

Sucesso pra vc..

Khrystal disse...

muito bom..