sexta-feira, 20 de maio de 2011

SubUrbana



Vencer quilômetros sem sair do lugar, acompanhado dos gritos unilaterais de celulares com poderes nucleares de chamar atenção, televisão do povão, novela das oito, comendo biscoito de milho fedorento e deliciosamente farelento, suando por fora e por dentro, a paisagem passa a roupa com viés na média de sessenta por hora, leite com café e salgado a um real, deixo de sonhar batendo a cabeça na janela, quem será ela, abro um livro sem concentração, solavancos da última rua tapada no piche, reflete o trapiche dos meninos da areia, eu poderia estar roubando mas peço a sua ajuda, por mais absurda que seja a história, não consigo deixar de ouvir, um bom cristão, por aqui, uma hora e meia a menos de um dia, ida pensando na volta, revolta, mas passa, outra menina bonita, outro rapaz elegante, ainda se cumprimentam, pessoas que não parecem ser deste campo, grande já se faz a periferia da vida, os complexos insignificantes perdem cor, na revolta da imitação de uma burguesia, comendo pão com ovo, tuitando filé mignom, são poucos os bons, mas não tardam a se apressar, sigo para o ponto seguinte, muito obrigado por me acompanhar, desço do salto e me encontro perdido, faço parte de tudo isso, mas não me dou por vencido, até amanhã, chega de coletivo.

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