sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A gente já nem tá


A Maloqueiragem
Macumunada
Aba virada
Face articulada
Navalha na carne
Entre bem e o mal
Na espreita
Calculada
Picardia somada
Bem treinada
Lisa feito sabão
Pé escotado na parede
Fumando um cigarro
Cantando o refrão
De um velho samba canção

no coração desta Cidade
hoje mora uma saudade
foi despejado
até o engraxate
só restou recordação

não se abate
faz por onde merecer
faz bonito no dominó
batucando na caixa de fósforo
dá um dois na rua de trás
passa lá em casa pra tomar um café
se estiver calor
pode ser um tereré
Campo Grande 36 graus
Toda a moral
Respeito
O sarará aprendeu descobrindo
Sozinho pegando
Prendendo aquele repinicado
Soltado um sincopado
na latinha de cerveja
becos, pedregulhos e vielas
veja como é linda a minha favela
dizem que a cidade ficou Morena de vergonha
quando o prefeito mentiu
borá tomar uma no bar dos pombos
e esquecer as desgraças do Brasil
comendo ovo colorido
lembrar dos gols da copa de 70
gelando os dedos no copo americano
que desce trincando
La garganta
Vamos lembrar da infância
Desbicando pipa
Com os manos e o Brown
Você conhece o pedreiro Valdemar?
Abraçado ao meu rancor
Só os vivaços
Os babaquas, os cavalos, os mocorongos
Ficam de fora
Eu venho e me atrapalho e a cidade me some
Já estou entre os meus
Ouvindo um rap encabrochado e calibrado na pinga
Não é brinquedo
Chopp peço
Nenhum esforço
Na noite eu perco o dia
E quando dou por mim
Já estou acotuvelado dentro do busão
Ouvindo sertanejo
E chicletando o refrão
Xingação, resmungos, estalos, trompaços
A minha alma é de bandido tímido
E assim vou seguindo
Mais uma segunda-feira
Oito horas depois
Tocar pro bar do expediente
E a vida segue seguido
A gente já nem sente
e um novo dia vem surgindo...

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