Chegou o dia em que tudo dessaba, minha vida não vale um tostão furado, meus sonhos muito menos, as promessas que fiz? Essas nem eu mesmo me dei ao trabalho de tentar cumprir e nessas alturas do campeonato tudo o que mereço é colher aquilo que plantei. Tenho um odio mortal dos atos do pássado, a pior parte é que o pássado é o instante que acabou de acontecer, sucessivamente, até o dia em que eu morrer, de fome, velhice, inanição, bendito o dia que a minha carcaça cansada não terá mais de enfrentar o estruturalismo da vida, uma ocasião marcante pro resto da não vida, amargurando os castigos e martirios de quem antecipa a ida, eu estarei, bem melhor acompanhado. O efeito dominó acaba de ter início, pego o elevador de serviço e engulo mais um sapo, amargurado feito salada de pipino com pimentão e azeitonas, sigo o meu drama invisível, passo neste instante para outro nível, muito abaixo ao mais baixo que já me encontrei, o fundo do poço está tão distante que eu já nem sei há quanto tempo ultrapassei.
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