![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKM7DE7RTBSOw90dvYY6bC-VjE1ndVPI89uG_GX-oBbzH8u2D_SGQSDkwrMXG4aMfkkgfXEVCWVF2Y6KWvNFbYrDp3g4V1RpuDtiFG4MtHUy277ZEfwHSJHcmfgTfyV8LQ3w50rNNC5Uo/s320/1176891249378567.jpg)
Bom é corromper o silêncio das palavras.
Como seja:
1. Uma rã me pedra. (A rã me corrompeu para
pedra. Retirou meus limites de ser humano
e me ampliou para coisa. A rã se tornou
o sujeito pessoal da frase e me largou no
chão a criar musgos para tapete de insetos
e de frades.)
2. Um passarinho me árvore. (O passarinho me
transgrediu para árvore. Deixou-me aos
ventos e às chuvas. Ele mesmo me bosteia
de dia e me desperta nas manhãs).
3. Os jardins se borboletam. (Significa que
os jardins se esvaziaram de suas sépalas
e de sua pétalas? Significa que os jardins
se abrem agora só para o buliço das
borboletas?)
4. Folhas secas me outonam. (Folhas secas que
forram o chão das tardes me trasmudaram
para outono? Eu sou meu outono.)
Gosto de viajar por palavras do que de trem.
Manoel de Barros